Barragem de Taió é considerada a mais segura do Alto Vale
Região conta ainda com estruturas similares em José Boiteux e Ituporanga
Barragem passou a ser sinônimo de aliada na prevenção de enchentes desde a década de 1970 no Vale do Itajaí. As três principais estruturas desse tipo na região ficam em José Boiteux, Ituporanga e Taió, no Alto Vale. Elas foram erguidas para reter parte das águas dos afluentes que formam o Itajaí-Açu e minimizar o efeito das cheias em períodos de chuva. Mas após segundo rompimento de barragem em três anos em Minas Gerais, a segurança dessas estruturas de todo o país passou a ser motivo de preocupação.

As barragens do Alto Vale têm diferenças quando comparadas às de rejeitos de mineração. Enquanto a mineira é feita com o próprio resíduo de minério e armazena rejeitos que ficam lá em definitivo, as de defesa contra inundações só armazenam água por um período específico, geralmente em época de chuvas, e são construídas em concreto – no caso de Taió – e concreto com misto de argila e enrocamento – em Ituporanga e José Boiteux. Além disso, elas têm comportas, abertas para reduzir a pressão sobre o barramento. Mesmo assim, em caso de eventual rompimento, as barragens do Alto Vale também provocariam uma destruição grande nas cidades da região.

O mesmo relatório da ANA também indica que as três construções não têm plano de segurança, nem de ação em caso de emergência. A Defesa Civil de SC responde que ambos os planos foram elaborados no segundo semestre de 2018.
Das três barragens de proteção contra cheias, a que mais preocupa é justamente a maior construída para a contenção de cheias do país – a Barragem Norte, em José Boiteux. A estrutura tem capacidade para armazenar 357 milhões de metros cúbicos, 28 vezes mais do que a barragem de rejeitos que se rompeu em Brumadinho.
Os problemas ali decorrem da falta de manutenção e de conflitos com comunidades indígenas. Em 2014, índios invadiram a barragem para reivindicar pontos como um estudo de impacto socioambiental, que nunca foi feito, e obras como a elevação de estradas e construção de uma ponte. Isso porque, segundo a Defesa Civil, quando a barragem entra em operação, oito comunidades indígenas ficam isoladas. Nos conflitos, parte da estrutura de comando foi danificada.
Em caso de chuvas, a Defesa Civil garante que consegue operar, mas para isso precisa do auxílio de um caminhão e de uma bomba externa para poder abrir e fechar as comportas. Para conseguir normalizar o funcionamento e operar com a estrutura que existe na barragem, é preciso recuperar os comandos elétricos, eletrônicos e a bomba hidráulica. O conserto dessa parte da estrutura depredada é estimado em R$ 5 milhões.